Agosto Dourado
Relatos de mães doadoras reforçam satisfação no gesto que salva vidas de bebês prematuros todos os dias
Quando Luiza nasceu prematura, precisou ficar internada por 19 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Para assegurar os nutrientes necessários ao desenvolvimento dela e o ganho de peso, a menina era alimentada com o leite de várias doadoras.
“Ela teve várias mães invisíveis”, conta a advogada e mãe de Luiza, Cristina Schiel. “Ela recebeu muito amor líquido.” Depois de passar por essa experiência, Cristina decidiu, na segunda gravidez, que iria retribuir o gesto que beneficiou a vida da filha.
“Quando voltei a trabalhar, a produção de leite ficou maior. Uma parte dava para o bebê, e o restante doava. Foi assim por mais de seis meses.” Ela ainda se tornou doula para ajudar outras mães a amamentar. “Doação de leite é também doação de vida, que para mim foi fundamental quando tive a primeira filha prematura. Por isso, doar é muito tocante”, ponderou.
Para facilitar e incentivar as doações, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano ainda conta com apoio do Corpo e Bombeiros, que entregam os frascos para armazenar o leite e buscam o material na casa das mães.
“Para mim, era muito tranquilo. Os bombeiros vinham à minha casa e recolhiam”, relata a estudante Jéssica Siqueira, mãe de primeira viagem de Rael, de um ano e sete meses.
“Não tinha desgaste físico nenhum. Quando Rael nasceu, tive muito leite e sentia que o estava desperdiçando. Pensava nas outras mães que deviam estar precisando e sofriam por não conseguirem amamentar. Com tão pouco, já se ajuda tanto”, afirmou.
As mães também podem entregar o leite nos postos de coleta. Ao todo, 221 bancos estão espalhados por todo o País. As doações são fonte de vida para os bebês. Cada 300 mL de leite alimentam até dez recém-nascidos.
A enfermeira Isabelle Lara, que também é doadora, conta que, no primeiro dia de vida da filha, teve dificuldades para amamentar.
“Fiquei desesperada pensando que ela nunca iria amamentar do meu leite, mas no dia seguinte parecia que ela tinha aprendido a mamar e pegou o meu peito de uma forma perfeita.”
Com a estimulação, o volume de leite aumentou. “Meu peito ficou muito cheio de leite, foi então que tive a ideia de doar para aqueles bebês que não tinham o leite da mãe”, concluiu.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Saúde